REVIEW: “The Trial of the Chicago 7”

Aaron Sorkin é reconhecido em Hollywood como uma referência quando o assunto é roteiro. Mesmo não sendo um baita diretor, o seu esforço em The Trial of the Chicago 7, aposta da Netflix para essa temporada, oferece uma boa opção para quem procura um longa que retrata um momento muito relevante para a história dos Estados Unidos.

Imagine 7 pessoas de diferentes movimentos sociais sendo julgadas por conta de um grande protesto que aconteceu na Convenção Nacional Democrata de 1968, em Chicago. Com um acompanhamento midiático considerável, o filme passeia pelos momentos mais importantes que marcaram o contexto enfatizado. O antes, durante e o depois conversam em uma ordem que não segue uma linearidade em sua montagem, mas que não perde a sequência narrativa importante para entender a trama.

O roteiro é dedicado em seus diálogos, mais uma vez corrobora a primorosidade de Sorkin nesse quesito, com o intuito de mostrar os anseios e angústias de cada personagem que é colocado no centro do julgamento. Há uma dinâmica interessante entre Tom Hayden (Eddie Redmayne) e Abbie Hoffman (Sacha Baron Cohen) que faz com que o ritmo do projeto seja eficaz e, em muitos momentos, didático. Seja pela diferença de camadas emocionais que cada um apresenta, a interação entre essas duas peças relevantes para o que acontece em mais de duas horas de material é primordial ao caminho que o diretor quer construir.

Os outros nomes ficam como coadjuvantes na cena, mas sem perder o seu prestígio. Não posso esquecer de mencionar as performances bem coordenadas de Alex Sharp, Jeremy Strong e Yahya Abdul-Mateen II. O elenco foi escolhido e organizado como uma ótima saída nos momentos menos tecnicamente elaborados do filme. Vale lembrar que a grande e previsível estrela aqui é o texto: muito bem executado e feito sob medida para agradar o paladar de uma Academia mais purista. Eu gosto, é saboroso, mas poderia ser menos acadêmico e mais realista, o que não atrapalha em nada a experiência como um todo.

No segundo ato temos contato com mais história estadunidense e aprendemos que a parcialidade é escrachada em um dos processos judiciais mais criticados dos últimos 100 anos no país. O debate proposto por Sorkin sobre a Guerra do Vietnã e os conflitos relevantes de uma geração com um novo pensar é orquestrado de uma maneira inteligente. O final é feito para emocionar quem assiste: poético e visceral.

The Trial of the Chicago 7 é uma boa pedida para quem busca um filme histórico com uma narrativa interessante e atuações formidáveis. Você não vai encontrar uma impecável técnica de direção ou algo mais aprofundado, todavia terá uma experiência boa, dentro do que o roteiro oferece como foco. E sim, pelo incrível que pareça, eu gostei!

INDICAÇÕES AO OSCAR:
MELHOR FILME
MELHOR ATOR COADJUVANTE
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
MELHOR FOTOGRAFIA
MELHOR EDIÇÃO
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

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